Capitão América: Admirável Mundo Novo - Uma Visão Fragmentada e Indecisa | Cinema | Crítica

As constantes referências ao passado e ao futuro do MCU acabam prejudicando o filme

Capitão América: Admirável Mundo Novo - A Discrepância Entre Ambição e Execução no MCU | Cinema | Crítica

Pontos Positivos

1. Performance de Anthony Mackie: Sam Wilson, agora como o Capitão América, é um dos maiores pontos fortes do filme. A entrega de Mackie é sólida, e sua habilidade de transmitir a tensão interna do personagem – entre honrar o legado de Steve Rogers e afirmar sua própria identidade – é notável. Sua performance carismática mantém o público investido, apesar de uma narrativa que não explora completamente suas complexidades.

2. Harrison Ford como Thaddeus Ross: A adição de Harrison Ford ao MCU traz uma intensidade e autoridade ao personagem de Ross. Ford eleva a dinâmica de qualquer cena em que aparece, e sua presença, ao mesmo tempo que enriquece a narrativa, torna-se um destaque devido ao seu peso como ator e sua capacidade de injetar complexidade ao personagem.

3. Tentações de Inovação Visual: Embora a execução não tenha sido perfeita, o filme tenta explorar novas formas de ação, com cenas aéreas e lutas corpo a corpo que poderiam ter sido empolgantes. A intenção de inovar na forma de filmar a ação merece reconhecimento, ainda que a execução tenha falhado.

4. A História de Sam Wilson: Mesmo que a narrativa falhe em aprofundar o personagem de Sam, a tentativa de explorar os dilemas de poder, legado e identidade ainda é um ponto positivo que poderia ser mais bem desenvolvido se o filme tivesse se comprometido com sua jornada pessoal.

Pontos Negativos

1. A Superabundância de Conexões com o MCU: As constantes referências ao passado e ao futuro do MCU acabam prejudicando o filme. Sam Wilson, que deveria ser o foco, se torna apenas um elo de transição entre filmes, sufocado pela necessidade de amarrar pontas soltas do universo maior. Isso diminui a importância do personagem, pois ele é constantemente submisso à agenda maior do MCU.

2. Sequências de Ação Fracas: Apesar das intenções ambiciosas, as cenas de ação falham em gerar o impacto desejado. A cinematografia excessivamente apertada, cortes rápidos e movimentação de câmera tornam as lutas difíceis de acompanhar e comprometem o ritmo da ação. A falta de uma direção de ação mais competente é evidente, o que transforma sequências de combate promissoras em distrações que prejudicam a imersão na história.

3. Falta de Protagonismo Feminino e Subaproveitamento de Personagens: Como um reflexo de outros problemas estruturais do filme, as personagens femininas são mal desenvolvidas e subutilizadas. O filme não oferece a profundidade necessária a esses personagens, enfraquecendo a diversidade e a riqueza da trama ao ignorar oportunidades de evolução para figuras femininas que poderiam trazer mais complexidade ao enredo.

4. Mestre da Continuidade, Mas Não da Inovação: Embora a tentativa de inovação no filme seja clara, ela não é bem-sucedida devido à sobrecarga de referências e à necessidade de encaixar a trama na continuidade do MCU. Personagens como Samuel Sterns (interpretado por Tim Blake Nelson) aparecem como simples lembretes do que não foi concluído em filmes passados, o que acaba tornando o longa mais uma peça de transição do que uma produção que consiga se firmar por si só.

Por Paulo Sales

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